Quando troquei de casa encaixotei a maior parte das minhas existências físicas para a mudança. Os meus livros, os meus CDs, os meus tachos, os meus preciosos copos, os meus queridos retratos, a minha máquina de fazer pão, os meus panos africanos e tudo o resto desapareceram da minha vista.
Como a casa nova vai para obras, os caixotes continuam ali, naquela sala com a porta fechada, entre móveis desmontados e electrodomésticos desligados da corrente. Quietos há 8 meses.
Se tenho saudades do que encaixotei? Sim.
Ao pensar nesta falta que sinto das minhas coisas, percebo que sigo a vida encaixotando e desencaixotando dias, cantigas, noites, lágrimas, palavras, sorrisos, gestos, filmes, olhares, cidades, beijos, pessoas, enfim, tudo. Caixinhas, caixas, envelopes, embrulhos, arcas e cofres.
Terei tudo bem empacotadinho ou estará tudo mal embalado?
Haverá espaço para mais caixotes ou terei que deitar algumas coisas fora?
Posso criar categorias de caixotes para os armazenar e depois voltar a encontrá-los, quando os for procurar, porque preciso das coisas que lá guardei?
Não sei.
Sei que me apetece escrever sobre isso.
Sobretudo escrever. Sobre tudo.
A magia das letras, o poder das palavras.
ResponderEliminarO orgulho de ter uma amiga como tu :)
Beijinho.