domingo, 29 de novembro de 2009

Caixote das mensagens(das que podemos mostrar)

Para a minha melhor vizinha (com desejo profundo de que a nova etapa seja muito feliz).

“Daqui a cinco minutos no Largo.”
“Tens filmes novos? Passo aí e mandas pela varanda.”
“Café na Botica II?”
“Vais ver a Miau?”
“Emprestas o aspirador?”
“Cheguei a casa. Dorme bem.”
“O meu mano ainda está aí?”
“O teu mano deixou cá a carteira.”
“Estou a jantar na Botica. Queres vir?”
“Emprestas o grelhador?”
“Copinho no Bairro?”
“O que é que a minha amiga anda a fazer?”
“Vem cá a casa. Bebemos um chá.”
“Tem calma. Vou já aí ter.”
“Vens para casa? Cafézinho no Largo?”
“Pequeno-almoço amanhã?”
“Sim, sim, passo aí e assobio.”
“Jolinha na esplanada?”
“Banho rápido e vou aí ter.”
“É preciso levar alguma coisa?”
“Cerveja do indy.”
“Janta cá em casa.”
“Tens aí migras?”
“A janta está pronta.”
“Elevation, baby!”
“Bju Laru”
“Beijinho para a menina mailinda do Conde Barão.”
“On the road”

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

domingo, 15 de novembro de 2009

Caixote da banda da minha vida

Depeche Mode
Lisboa 14/11/2009


Um cheirinho de uma noite devota. Estivemos lá.




Caixote das sobrancelhas

Para a Vó Piedade.


Ensinaste-me a fazer broa, benzida em cruz para levedar bem. Aprendi contigo o sabor do caldo de couves feito na panela de ferro da lareira, do bacalhau frito, dos torresmos, das batatas fritas em azeite, daquelas flores do campo, que eu não me lembro agora do nome, mas que se chupam e são docinhas...Aprendi o prazer de enterrar as mãos no sal grosso da salgadeira, no saco de milho amarelinho, de fazer festas aos coelhos pequeninos, de caminhar descalça na terra acabadinha de regar. Contigo também fiquei a saber que a estrepoeja serve para puxar o pus das feridas, que mexer no lume faz os meninos fazer chichi na cama, que quando uma coisa desaparece basta dar um nó na ponta esquerda do avental que se encontra logo, que quando há trovoada se queima ramo bento para proteger dos raios e que quando a minha perna dói é porque a lua anda às voltas.
Que bem que se cresce no campo com uma avó sábia e doce.
De todas as coisas que me deste, as sobrancelhas são as que vou transportar comigo para sempre. Pretas, fartas e compridas. Indomáveis, apesar de todas as novas tecnologias que existem hoje em dia à disposição da estética feminina. Mas não faz mal, porque são iguais às tuas. E são nossas.
Li uma citação qualquer que diz mais ou menos que as pessoas só morrem quando morre a última pessoa que gosta delas.
Por mim, vais continuar a viver muitos anos.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Caixote da vergonha

Quem não respeita a morte, não se deve respeitar muito.

Hoje não há caixote, há um muro tombado.


Lembro-me que andava no Liceu. Lembro-me dos meus pais a olharem contentes para a televisão. Lembro-me da minha irmã não ligar nenhuma porque era pequenita. Lembro-me das pessoas a partirem um muro. Lembro-me das pessoas a rir, chorar, beijar, abraçar e pular. Felizes.
Também me lembro de ter pena de estarem a estragar os desenhos bonitos que estavam no muro.


Lembro-me de no ano passado estar com gente muito muito muito amiga, sentada em Unter den Linden a pensar como gostaria de ter lá estado naquele dia.

Não foi naquele dia, mas estivemos lá noutro.

E tudo isso graças ao dia em que o muro caiu.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Caixote do Lobo



António Sérgio
1950-2009