quarta-feira, 25 de março de 2009

caixote inaugural

Hoje é um dia histórico. As obras finalmente começaram. Agora que ninguém tem a certeza absoluta de que deitar aquela parede abaixo vai ser seguro para a estrutura daquele prédio pombalino e que a licença para pôr o contentor na rua ainda não chegou, parece-me a altura ideal para começar.
E eu tomei a decisão acertada e pirei-me para longe.
Mas é uma fuga muito temporária. Em breve lá estarei a ver os meus empoados caixotes. Tomei também a gloriosa decisão de ficar a viver lá bem no centro de produção de pó. Recuso-me a deixar os meus caixotes.
A verdade é que me acostumei rapidamente àquele lugar. O meu bairro. À falta de caixotes do lixo que nos obriga a deixar os sacos no passeio, aos becos malcheirosos, aos carochos do café da esquina, aos adolescentes a beber na rua até às cinco da manhã, aos adolescentes a cantar na rua até às cinco da manhã, aos adolescentes a urrar na rua até às cinco da manhã, aos adolescentes a vomitar na rua até às cinco da manhã, enfim, um bairro bem frequentado e pacífico.
E então pensei que se calhar me aguento à bronca de viver durante uns tempos no meio da confusão das lixadeiras e das tintas. Vamos ver até quando eu resisto.


Não era propriamente com um texto assim que eu queria começar o meu blog. Mas ando cansada. Cansada demais para escrever e cansada de olhar para o blog sem nada.

2 comentários:

  1. Pois eu acho que começou muito bem. Se calhar estás é cansada para ver isso. :))) Se não conhecesse o sítio, teria ficado a conhecer. Também andas por aí até às 5 da manhã? Beijim

    ResponderEliminar
  2. Venho atrasada, eu sei... Mas nunca ficou esquecido. Começo agora a ler-te com a atenção que mereces.
    E num primeiro comentário, também tenho de o dizer: começaste muito bem!
    Afinal, começar é mesmo assim: um primeiro passo, no meio da confusão... Não começamos todos, e sempre assim?

    ResponderEliminar