" Menina, eu tinha 27 anos quando foi o 25 de Abril. Desde essa altura que dizem que vamos todos ser iguais aos funcionários públicos. Nunca fomos. Por mim acabava já com a ADSE. Só para começar!"
Quando troquei de casa encaixotei a maior parte das minhas existências físicas para a mudança. Os meus livros, os meus CDs, os meus tachos, os meus preciosos copos, os meus queridos retratos, a minha máquina de fazer pão, os meus panos africanos e tudo o resto desapareceram da minha vista.
Como a casa nova vai para obras, os caixotes continuam ali, naquela sala com a porta fechada, entre móveis desmontados e electrodomésticos desligados da corrente. Quietos há 8 meses.
Se tenho saudades do que encaixotei? Sim.
Ao pensar nesta falta que sinto das minhas coisas, percebo que sigo a vida encaixotando e desencaixotando dias, cantigas, noites, lágrimas, palavras, sorrisos, gestos, filmes, olhares, cidades, beijos, pessoas, enfim, tudo. Caixinhas, caixas, envelopes, embrulhos, arcas e cofres.
Terei tudo bem empacotadinho ou estará tudo mal embalado?
Haverá espaço para mais caixotes ou terei que deitar algumas coisas fora?
Posso criar categorias de caixotes para os armazenar e depois voltar a encontrá-los, quando os for procurar, porque preciso das coisas que lá guardei?
Não sei.
Sei que me apetece escrever sobre isso.
Sobretudo escrever. Sobre tudo.
Eu p'ra começar acabava era com os taxistas!
ResponderEliminarO que é a ADSE?
ResponderEliminarQuem é funcionário público queixa-se. Quem não é funcionário público queixa-se. :)
ResponderEliminar