sábado, 4 de abril de 2009

Caixote do coração

Quando eu era muito pequena, a minha mãe era a moderadora entre as minhas questões existenciais, o resto do mundo e os seus arredores. Eu perguntava e ela explicava o universo todo.
Lembro-me bem de ficar assustada com o barulho das ambulâncias. Fazia-me uma aflição danada. De mão na mão dada pela minha mãe, seguiamos pela rua, até que chegava aquele tinoni aterrador. Aflita. Perguntava-lhe então quem ia na ambulância. Ela, com os seus calmantes olhos verdes, olhava-me e explicava: “É um bebé que vai nascer. Está com pressa de sair cá para fora.” Satisfeita a minha curiosidade, lá seguiamos o nosso caminho. Eu contente. Ela pacificada.
Passaram os anos e eu continuo a ficar aflita com aquele som agressivo e triste. A verdade é que penso sempre em bebés. E fico mais calma. Desejo uma hora curtinha à futura mãe.
Há explicações que fazem sentido. E que ficam. Mesmo que só para mim. Mesmo que só para nós.

Parabéns.

1 comentário:

  1. :)) já me tinhas contado esta história. E eu também passei e pensar em bebés. :))

    Beijinhos

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